Onde Mora a Felicidade? No Labirinto da Memória

Em cada rosto que o tempo delicadamente esculpiu, com uma ou outra ruga que se faz aparecer, reside um universo de histórias, de vivências que revelam a experiência rica e singular de uma vida. No acolhimento das nossas casas, onde o tempo flui com a serenidade de um rio calmo, a felicidade não é uma miragem distante, mas sim a essência que nutre cada dia. Acreditamos profundamente no poder das memórias felizes como faróis que iluminam o presente e aquecem o futuro.

A memória de curto prazo, responsável por reter informações por períodos breves de tempo, e a memória de trabalho, que nos permite manter e manipular informações enquanto realizamos tarefas cognitivas, tendem a declinar com o avanço da idade. No entanto, isso não significa que devemos aceitar passivamente esse declínio. Pelo contrário, vários estudos sugerem que o cérebro pode continuar a adaptar-se e a aprender ao longo da vida, desde que seja desafiado e estimulado adequadamente.

As reminiscências, ou recordações de eventos passados, oferecem uma forma valiosa de exercício mental para a pessoa idosa. Relembrar histórias e experiências antigas não apenas fortalece a memória, mas também promove o bem-estar emocional e a conexão social. A partilha de memórias em contexto de institucionalização, traz um reforço dos laços afetivos com os pares, através da transmissão de conhecimentos e experiências vividas.

Na Vida Maior, desenvolvemos uma atividade dirigida, Histórias de Vida, que consiste na realização de uma apresentação previamente dinamizada entre técnico e cliente, onde há uma conversa sobre a história de vida da pessoa, que dá origem a uma apresentação em formato digital. A atividade é moderada pelo técnico com a ajuda do cliente em questão, e é apresentada aos restantes pares, com o objetivo de criar laços através destas histórias e reminiscências. Além da possível identificação com as vivências dos pares, esta atividade permite acelerar o processo integrativo da pessoa idosa na instituição.

Além disso, a prática de atividades que exigem o uso da memória de trabalho, como quebra-cabeças, jogos de cartas, palavras cruzadas, e sobretudo partilha das histórias de vida, podem ajudar a preservar e até mesmo a melhorar a função cognitiva na pessoa idosa. Esses tipos de atividades desafiam o cérebro a manter e manipular informações em tempo real, exercitando assim a memória de trabalho e estimulando o desenvolvimento de novas conexões neurais.

É importante notar que a estimulação da memória não se limita apenas a atividades intelectuais. Exercício físico regular, uma dieta saudável e o sono adequado também desempenham papéis fundamentais na saúde cognitiva geral. Manter-se mental e fisicamente ativo pode ajudar a retardar o declínio cognitivo e a promover um envelhecimento saudável e gratificante.

Em suma, a estimulação da memória de curto prazo e memória de trabalho é essencial para promover a saúde cognitiva em idosos, especialmente aqueles com degeneração cognitiva associada à idade ou a patologia. Incorporar atividades que desafiam a função cognitiva e promovem a reminiscência, pode ajudar a preservar a memória e melhorar a qualidade de vida na terceira idade.

 

Vida Maior, Onde o Tempo É Felicidade!

 

Elisabete Baltazar

Sócia-Gerente Vida Maior