Promover a qualidade de vida na pessoa idosa

O envelhecimento humano consiste num processo de mudança progressiva da estrutura biológica, psicológica e social das pessoas que, se inicia antes do nascimento e se desenvolve ao longo da vida (Direção Geral de Saúde – DGS, 2004).

 

Quando se tenta definir o termo idoso, a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) define o idoso a partir da idade cronológica, portanto, idosa é aquela pessoa com 65 anos ou mais (em países desenvolvidos). Já o envelhecimento, é definido como o prolongamento e término de um processo representado por um conjunto de modificações fisiomórficas e psicológicas ininterruptas à ação do tempo sobre as pessoas. Este pode ser considerado um fenómeno biológico, psicológico e social, sendo que as alterações que irão ocorrer nesses três aspetos durante o decorrer dos anos são geralmente lentas, gradativas e, em grande parte, heterogéneas. Isto é, para cada pessoa, o envelhecimento dá-se de forma única e tem características individuais (Zimerman, 2000).

Ao longo da vida, o individuo desenvolve relações interpessoais, que são de grande importância no dia-a-dia e nas vivencias de cada um, mas, com o decorrer do envelhecimento, estas vão-se alterando devido às fragilidades decorrentes do envelhecimento por diversos motivos: perda de companheiro, filhos, familiares e amigos, assim como o isolamento do círculo familiar e da sua própria rede social. Este fenómeno, levará ao aumento da dependência e fragilidade provocada pelos limites impostos e pela alteração da capacidade funcional inerente ao avanço da idade.

Neste sentido, o objetivo de uma ERPI, é proporcionar apoio, a nível multidimensional, garantindo níveis de bem-estar favoráveis a uma inserção social, económica e familiar, de modo a promover qualidade de vida nos idosos de acordo com a situação atual de cada individuo.
Para tal, é necessário observar e estudar cada individuo em particular, analisar as suas necessidades principais, perceber o seu nível de autonomia, de modo a que se complete onde existe algum défice e onde se promova e mantenha as capacidades atuais, e não a substituição da sua função, por ser um idoso institucionalizado. Para tal, é fulcral promover o envelhecimento ativo. Sendo que, e segundo Viegas (2007), o objetivo do envelhecimento ativo consiste em promover o prolongamento da vida ativa, envolvendo os idosos na vida social, não como audiência passiva mas como participantes ativos. A qualidade de vida é, por isso, uma importante medida de impacto em saúde.

A OMS definiu qualidade de vida como, perceção individual da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores, nos quais se vive e em relação com os objetivos, expectativas, padrões e preocupações de cada indivíduo. É um amplo conceito de classificação afetado de um modo complexo pela saúde física do indivíduo, relações sociais, nível de independência e suas relações com características salientes do seu meio ambiente (OMS, 2002, p. 13).

A qualidade de vida, o bem-estar, a manutenção das qualidades mentais, estão diretamente relacionadas com a atividade social, o convívio, o sentir-se integrado e útil na família e na comunidade (Carvalho e Dias, 2011). Para a Direção Geral de Saúde – DGS (2003) o conceito de qualidade de vida tem a ver com a perceção por parte dos indivíduos ou grupos de que as suas necessidades são satisfeitas e não lhes são negadas oportunidades para alcançar o estado de felicidade e de realização pessoal na procura de uma qualidade de existência acima da mera sobrevivência.

O grupo de especialistas, da OMS, em Qualidade de Vida descreveu qualidade de vida como sendo a conceção do indivíduo da sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores, onde ele está inserido, e em conformidade com os seus objetivos, expectativas, modelos e inquietações. Desta forma, a qualidade de vida inclui aspetos relacionados com a saúde, com o bem-estar físico, funcional, emocional e mental, mas também fatores como os amigos, a família, o trabalho, entre outros que não se encontram diretamente relacionados com a saúde. Nos senescentes quando ocorrem situações que originam a perda da qualidade de vida, como as doenças, torna-se necessário avaliar a presença de vários fatores, tanto a nível físico, como espiritual, psicológico, social e económico.

A Vida Maior tem a capacidade para avaliar a situação de cada individuo, atuar nas áreas onde é necessário ajuda parcial e/ou substituição, bem como promover as capacidades remanescentes, estimulando o individuo e a família na promoção e manutenção das capacidades e da qualidade de vida.

 

Por Andreia Correia,

Enfermeira Vida Maior